“Tudo se me confunde. Quando julgo que recordo, é outra coisa que penso; se vejo, ignoro, e quando me distraio, nitidamente vejo.”
Fernando Pessoa – Livro do Desassossego
Quando te olho fico com medo,
Quando fico com medo,
Olho teus olhos.
O desejo é parte do olho oculto.
A tua pele é minha olheira,
Adormeço em teu barco.
De olhos escuros, embaçados,
Tuas águas em boca escaldante,
Que me mergulha na translucidez que:
Me olha,
Te come,
Te olho,
Te mordo.
A cauda da vida é a serpente,
O trem que desaparece no desconhecido.
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