segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Um Dia Depois

                                    By António Paim - Rouem



"Nesses dias há grandes rebanhos silenciosos de carniceiros negros vigiados pela polícia, quando a noite cai...”
Paul Nizan


Se toda dor, toda tristeza percorresse o país o que seria de mim? todo em lágrimas e dor, na veia em fusão com águas dos rios, do mar que afasta a vida da vida. Então, o que seria dos olhos sonhadores, mordido por tubarões, aves de outro mundo, botas que pisotearam, afundaram mãos e braços até não ter mais respiração.
O que seria do corpo cansado, esfacelado da luta, da fuga do mal, do não querer matar, não usar o gatilho que atira na vida? Querer voar o céu do país, inventar um paraíso para o coração, ficar menos triste, sair da prisão que só a falta faz quando tudo se transforma em ódio, faz o vento espalhar dores e mortes esquecidas no cotidiano, queimar a pele com o ácido que mata a floresta, que afunda barcos, que a presa mais atenta não consegue mais fugir da dor imposta. Onde anda a história contada lá atrás? Não sei.





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