sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A pequena sinfonia da vida



A felicidade é a ideia de algo que não tem uma só forma. Um objeto não diz o que é a felicidade. Ela é aquilo que não podemos tocar, mas sempre que sonharmos e desejarmos poderemos alcançar. Um estado de espírito gasoso, uma névoa, um sol, uma lua que poderá durar muito tempo, o suficiente para nos sentirmos completos e realizados. A felicidade é a eternidade desmentida por nosso estado de espírito, a verdade reivindicada por nossos sonhos, dias vividos e coisas que jamais teremos definitivamente.
A felicidade não está apenas na nobreza de quem tem o dom de dizer que ela existe. É mais simples, muito mais simples. Pode ser lida, pode ser vivida, pode ser tocada com o céu da boca, com os olhos fixos na tela, com a audição de uma música, de uma voz, de um coral.
A felicidade é o gás que move a serotonina. É o propulsor para a vida e para a morte. Mas está oculta. Aqui, a felicidade está em passar de texto a texto escritos por Juremir Machado da Silva. É alçar voo nos temas que estão contidos nesta pequena obra-prima do cotidiano.
A felicidade é como um remédio inventado por criadores de histórias, por gente que usa o corpo para mostrar sua agilidade e destreza em ser quase um pássaro, por gente de todas as cores. Este livro é o exercício do pensamento em nome do próprio pensar. O estar junto da vida é a possibilidade de reescrever questões de forma pessoal.

A vida é feita de felicidades e experimentos do que temos, e não do que já perdemos. Sigamos no embalo da música. Reinventar a vida através de livros escritos por Juremir Machado da Silva. Nesta obra, em textos publicados no Correio do Povo, ele revisita 35 pensadores para falar da felicidade, de Sócrates e Platão a Michel Maffesoli.

domingo, 6 de janeiro de 2019

História(s) humanas 2



        Imagem: Cannes - France



“O que é explicado como ideia e não como definição.”
Werner Jaeger

Coisas do mundo existem, digo, as mais preciosas e estranhas estão aqui no Brasil. Vivemos no país digno de ficção, um prato cheio para a literatura. Alguém escreveu que este país está virando um hospício. Estou sentindo em mim pequenas transformações no humor, na paciência em lidar com os objetos, com imaginário e os mais palpáveis tipos de estranhamentos. Como ligar o mundo concreto, aquela construção da consciência de Herder, em que o acolhimento histórico ligava a vida ao futuro? Estamos no tempo das versões e superações dos apóstolos da decadência dos valores modernos, a história já não é um caminho inexorável, o retorno é uma versão idealizada do que já foi o concreto estar no mundo.

O mundo parece estar novamente no dilema entre o domínio das coisas, de um lado, no obscurantismo do que foi dado, e o retorno cego ao princípio das leis monoteístas sobre a vida. O que é de espantar, de ver os que um dia conheceram a história hoje se deixam levar aos princípios de crença religiosa para explicar a realidade. Vivemos o tempo de que melhor é ser obscurantista do que perder o controle absoluto sobre o Outro. Os dois sempre sonharam ter às rédeas da vida e da história.

Um exemplo de pragmatismo, da essência cega do conservadorismo, lidar, manipular dados com os serviços prestados por empresas aos seres pós-humanos, aos abjetos seres que povoam o planeta Terra. Estamos virando personagens de um mundo que o absurdo é simplesmente não mais uma digressão filosófica ou experiência existencial, mas para estarmos dentro da salvação e do núcleo onde o bem possa estar, devemos compartilhar esse tipo de terapia fundamentalista contemporânea das redes sociais aos templos em que seus guardiões estão galgando o poder da gestão dos povos.

Existe uma saída, em que possamos ver as coisas mais definidas em suas verdades e fragmentos? Retorno ao tempo da reflexão, da livre educação, de separar a vida do que é lei de princípios religiosos, existe sim, caminhos diversos, em que a consciência histórica, o legado da modernidade não se deixa morrer no desejo totalizante de dominar o Outro em nome de uma só Verdade. Convido a todos a tornar mais complexa a vida, voltar à leitura de tudo, do clássico ao contemporâneo. Não se trata da busca do Uno, escreveu Jaeger no ensinamento de Platão “A virtude é sempre a mesma”, e que podemos aprender é que ler nos abre a compreensão melhor do mundo.

sábado, 5 de janeiro de 2019

História(s) humanas

     Cannes - França

"Madrugada, um céu de estrelas
E a gente dorme
Sonhando com o dia"
Caetano Veloso


Cansado da comicidade, da urbanidade na palavra média da média elitizada, estou carente de revolta, estou ansioso, perdido como nunca, em transição permanente livre para refletir, para ouvir Caetano nos complexos dos nexos e ler o que sempre gostei. Estou na leitura, pois como disse Gadamer “pois Ser-humanista significa saber ler”. Atento à leitura a vida fornece a liberdade de ler, a possibilidade ter a crítica na palavra que discorre e revela a imagem. O tempo é de leitura, de pensar, de espedaçar as nuvens que ocultam o disfarce da história, também, é o real olhar desatento. Estou cansado de mentes possuídas, de ideias conjuncionais, o mar é da cor do que é, a cor dos meus olhos é o que é, a roupa que visto é minha pele. Todas as cores no meu Ser. A única tradição que existe em mim é o legado do estar no mundo: a leitura é a prova de tudo.  

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...