sábado, 15 de dezembro de 2018

Doce Noturno

      Rio Sena 



“Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida”
Cartola

Vive-se a ironia desprovida de vida, ir lá no fundo,
Escavar a alma, atracar com unhas e sede − O copo.
O veneno da maldição, combinar morte com dinheiro,
Esfregar mãos de felicidade, contar os feitos,
Esconder os defeitos da dor, promover a vida,
Escrever no face e se glorificar do intento.
O poder de contrariar a ignorância do cérebro,
A inteligência do berço, do embalar, enlatar e aprontar.
Toda compota tem seu apodrecimento,
Toda maldade é o que se redime
Nem sempre é o perene o que se persegue,
A caça é o que pode morrer engasgado.
É o fim dos tempos logo ali,
Atrás da noite vêm as luzes,
O sol tardio é a dor infinita,
De tanto ler o ver é insignificante.
O que pode estar oculto,
É como estar abrindo a cabeça,
O dia é nos olhos unidos,
O corpo, o prazer é o texto em cor.
Depois deste dia, uma flor é como a dor,
Desmancha a métrica confunde o ritmo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Estrangeiro

                                      Toledo - Espanha



O teu ódio é primário, é banal e mitificador,
Meu amor é universal, banal, é livre.
Nossas diferenças? nada disso existe, é fonte de vida,
Energias que divergem, falas que destoam,
Onde o teu ódio anda, meu amor já se apossou.

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...