“Estávamos cansados de todas
as coisas, cansados especialmente de ultrapassar inúteis fronteiras.”
Primo Levi
Meus livros. Leio e reescrevo o pensamento solto que existe na
leitura que faço do ainda existente das páginas dos livros escolhidos assim por
mim.
A dor é o fim, minha alma é como amarelecido das folhas
surradas, manchas do café, do rastro do vinho, da solidão de ler o fim de “A
trégua” de Primo Levi. Um dos mais impressionantes e dolorosos fechar de
páginas que tive. E se eu fosse o editor, certamente, choraria ao cabo de sua
confecção. Isso não acontece mais, terminar uma edição na cumplicidade do fim e
o início de outro momento, no tempo dele existir, a reprodução parece ser a
solidão que não se esgota. O livro está dentro desta história.
Na próxima guerra não haverá renascer, os escombros serão do
tamanho da dor da Mãe-Terra arrasada. Morta por seus filhos, ela no secar dos
olhos, sacrificará a existência em nome dos ideias que se perderam nas
religiões, raças, e no outro lado político, destruidor da diferença.
O poder e a vontade “Ser” o “Outro”, o retrato diferente dos
olhos de Levi no final de ”O despertar”, talvez seja para além da imagem, da
ficção e da linguagem afiada dos manipuladores do mundo. Talvez tenhamos a vida
depois disso tudo, dos nacionalismos revestidos de ética, e boas mentiras hão de
passar a vigorar nas fronteiras dos corpos. Estamos imersos. O Território
poderá ser apenas a linha imaginária que se perdeu no coração dos corações puros
que retornam às escrituras, onde deus existe um homem há para se fortalecer e
se impor. Onde a fronteira finca sua cruz, sempre teremos um grupo, uma cabeça
a pensar, e que sua vida é e pode estar no fim. Por que outro um existente nos
olhos do lado de lá pode ser uma ameaça à vocação única de ter direito de estar
demarcado na fronteira do lado de cá.