"Atirou-se contra os espelhos,
como uma alma-de-gato cega."
Severo Sarduy
Vida,
ó vida das cidades, Aleppo, Rio, saídas para o sol,
ruas
de fugas, outros perdidos, mortes em nome do Estado: evocam − Eu e Tu, alusão
de um Deus.
Se
morre, mata-se em nome do Tu,
o
Eu mata em nome da Paz.
Tenho
dificuldade racional de compreensão dessas mortes,
morro
por dentro, torno-me Niilista da Paz:
vidas
perdidas em nome das armas, cruz no céu,
a
terra penetra na carne do Bem e do Mal.
Tenho
medo do azedo e do doce apóstolo,
tenho
ânsia de vômito à verdade absoluta dos seguidores.
Prefiro
caminhar sozinho, lá outros hão de andar ao meu lado.
Eu
e Tu, é para além de um deus, é a personificação do crer e não crer na imagem
forjada pelos homens.
Jogos
filosóficos, resta-nos a dor da miséria alheia,
a
palavra do homem contra a indecisão na vida, são jogos de vida e morte.
A linguagem
− dia sim dia não −, salva o diálogo da escuridão,
por
vezes preciso do silêncio dos perdidos, dos ateus, dos crentes, dos que duvidam
da ordem.
Todos
unidos, na estrada do por vir, o horizonte é o céu cravado de violência
seletiva, dos que matam em nome de um senhor.
Prefiro
andar sozinho do que crer na razão para encontrar o paraíso, nem
perder o sentido para encontrar Deus.