“O que seria a vida sem esquecimento.”
Hans-Georg Gadamer
Que bom envelhecer e esquecer, e que não
devemos esquecer de viver, e que todo esquecimento é viver mais um pouco, é
lembrar viver mais um tanto outro muito de vida. Porque viver é esquecer um
pouco de tudo, é viver um tudo de nada dos poucos instantes vividos. Viver e
não deixar de sentir as imagens, de não deixar de provar o vento como se o
olfato fosse um som a cruzar um eterno campo de vida, e nosso voltar para o tempo
é cheirar mais um pouco do esquecido, do ar que passa sobre a cabeça. E um
vasto oceano e todo movimento a desaguar na vida.
E morder a vida com aquilo que o esquecer
nos deixou sentir: Viver os últimos dias como se vivesse os primeiro anos de
vida, viver por viver sem deixar de cuidar da vida. Viver sem as certezas da
exatidão, das verdades, e sentir todas as verdades vividas nesse caminho de
vida intensa.