Paul Klee - Máquina de Chilrear - 1922.
“Tom é palavra que presta serviços a mais de uma arte.”
Herbert
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Eu
sou antigo, muito antigo, quase uma pintura paleolítica,
Uma
imagem na pedra, bosquímane da África do Sul,
Eu
sou muito antigo, só não envelheci o suficiente,
Eu
sou tão antigo, existo antes do indivíduo, sou parte do coletivo.
Atravessei
os tempos, sou milenar, sou o risco da arte pagã,
Vim
de longe, sou de todos os lugares eu hoje só a memória pode falar.
Vim
do retrato, escalei o adorno da história, morri muitas vezes,
Sou
um traço tão antigo, as rugas não conseguem mostrar os tempos existentes em
minha carcaça de bronze.
Sou
mais antigo que o sentido das coisas, dentro de mim existe o tempo, existe uma
máquina de som cromático.
O
Outro, a curva do olhar que se perde na abstração da forma, sou mais antigo do
que isso, o pólen das estações.
O
Outro, o que existe é único – do primitivo não vivi mais do que vivo hoje,
Envelheço
nos conceitos, nas cores e nos dias.
Sou
muito antigo.