“Cada indivíduo é o centro do
universo, e é apenas porque o universo está repleto de tais centros que ele é
precisoso.”
Elias Canetti
Esse homem
atravessou parte do ocaso
do século XX, vivendo intensamente as mudanças sofridas e impostas no Ocidente . O Ocidente impôs. O pensamento
no mundo ocidental, uma parte viva do mundo , que está
na Complexidade de Morin, já não serve mais como uma simples
descrição de fenômenos ,
mas o é, também .
Nesse belo dia ,
o homem percebe que
é o mesmo dessas alterações, que é parte de
uma mesma coisa ,
de tudo no mundo .
Não é literatura; é a realidade
esfacelando-se a partir do momento
de cada manhã em que o homem coloca seus
pés novamente
no chão . A literatura é a mesma que
salva o sonho de um dia acordar no absoluto dos conceitos. E como diria Morin,
através da literatura o homem torna-se o que produz “pelas ideias”, e neste
acordar que todos fins se mesclam com o hibridismo do ensaio. A vida é isso.
As ideias sobrevivem porque os homens
as alimentam de novas roupas e novas informações
e conforme as necessidades; os mesmos homens que as negaram tratarão de dar-lhes forma diante dos acontecimentos .
As teorias sobrevivem porque os homens se
espalham pela terra e, como diz Morin, o desconhecido não é apenas o
mundo exterior e, sim, sobretudo, nós mesmos. As crenças nas verdades, na
lógica ocidental, nos fatos e no Cotidiano da comunicação entre esse homem e
todos pelo mundo afora e adentro, do Ocidente ao Oriente, da rua à casa, do
real ao hiper-real, do conceito ao Imaginário[1], da linguagem à
comunicação, e tudo na esfera do vivido, do jogo, permaneceu porque o visível
passa do inteligível ao sensível e ao invisível. Lembrar de Heidegger, do
“Ser” como a compreensão “indeterminada” e do mesmo modo “sumamente
determinada”. Do homem que ao acordar personagem se dá conta de que ele compreende
a palavra “imaginário” e com ela todas as derivações, as variações possíveis,
ainda que essa compreensão pareça indeterminada. Inacabada. Esse imaginário
povoa seus dias. Ele retorna ao “Ser” e em Heidegger: “O que compreendemos, o
que se manifesta, de algum modo, na compreensão, dele dizemos, que tem sentido.
O Ser, porquanto, é simplesmente compreendido, tem sentido”.
Do possível ao impossível, esse homem, dentro
da complexa colcha do pensamento, será sua única saída para o mundo. O seu
mundo diante do que está em discussão, sendo que em um belo dia, esse homem
acordou fora do apenas inteligível. Foi através da “brecha microfísica” que
abrira o espaço para o sujeito se postar diante do objeto, diante do próprio
decreto mal-aventurado da lógica ocidental, que percebeu que o acaso
contribuíra para as suas novas manhãs.
[1] A partir
de Castoriadis quando diz que no “por-vir-a-ser emerge o imaginário radical,
como alteridade e como ‘originação’ perpétua de alteridade, que figura e se
figura”. A Instituição Imaginária da Sociedade. E o Imaginário
como figuração de imagens que é parte do presenteísmo de significados ou
sentidos em Maffesoli.
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