quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Síntese do Vagar

    Neorrealismo

“Nada mais fácil do que dizer o eu é multiplicidade ou que é unidade ou que é a síntese de ambas.”
Henri Bergson

Nada mais fácil do que viver em meu espaço, nele consigo refazer a casa do pensar. Digo que é um espaço livre, absoluto, de todas as imposições de ordem moral... por que da moral, se não estou aqui me refazendo do mundo totalitário das coisas? Apenas aqui, é o espaço do pensar. Estou a dedilhar o acontecimento, o mundo dentro do mundo, o fora do mundo, o mito de viver bem, o mito da solidão etc. No meu espaço, convivo com os sonhos, as maquinações desse pensar, as tentativas de inventar o menor espaço possível para escapar com a palavra, atravessar a imaginação de mundos possíveis. É óbvio, a razão diria, isso é um monstro. Não quero meus sonhos em companhia da sensatez, prefiro a música, o pensamento, o livro que invade o tempo dos contrários. A contramão das ideias pode tudo mas não corrompe as pontas do pensar nesse meu espaço que bifurca em ruas do século XXI. O movente é a razão metafísica que me joga ao externo, ao desconhecido jogo de linguagem.
“As ruas são a morada do coletivo. O coletivo é um ser eternamente desperto, eternamente agitado que vivencia, experimenta, reconhece e imagina tantas coisas entre as fachadas quanto os indivíduos no abrigo de suas quatro paredes.” (Passagens, p. 958 – Walter Benjamin)



domingo, 8 de fevereiro de 2015

Dos Objetos e Imagens

                                     Roma



“Encarou friamente os olhos da fotografia, que lhe responderam com a mesma frieza. Eram realmente belos, como também o rosto era belo.”
James Joyce


Por nada desse mundo os objetos substituem em mim a letra que dá vida às coisas, ou, pensamento do olho que vê e imagina objetos, podem, também, viver independente dos meus olhos e do pensamento?
Sim e Sim. As duas afirmações são não paradoxais; a mesma distância que me vejo entre a ponte e o outro lado, é da extensão do pensamento que limita-se na gramática, voa na elaboração de novos pensamentos para o outro lado da luz.

“Objetos
Vivem ao nosso lado,
Os ignoramos, nos ignoram.
Vez por outra conversam conosco."
Octavio Paz


T. S. Eliot


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mãe

   Bavcar-Evger



Poemas, Maiakóviski em meu lábio, Eu sou um Rei,
Músicas, Caetano em meus ouvidos, Eu sou vadio.
Brilhas mais que a luz, Lua de luz da manhã: Mãe.
Me acolhes em teu lar, teus braços pequenos: Imensos.
Sou um homem que vive sem a guarda de ninguém: Livre.
É a voz mais linda aqui na morado dos homens sós,
Vivo em tua pele: Sem dono.



Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...