quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Mar dos olhos




Minha vida, cação-bico de ponteio, mar adentro,
Tornozelo temperado de ervas.
Flores que embebedam, passam a dor.
Caminhar fustigado, ensimesmado,
Dor de olhar.
O tempo é passagem íngreme, filamento de curva,
Olhar no certo olho, minha flor que passou, esvoaçou entre os sonhos,
Morri em Paris, morri de vê-la partir na rua a resmungar.
Fiquei.
Toda dor tem sua insignificância.


"En aquel preciso momento
el hombre estaba junto a ella en Islandia."
                                           jorge luís borges

domingo, 14 de outubro de 2012

Cinema depois da hora



"Acordados, eles dormem."
Freud

Sempre penso a vida de maneira fluxível, do longe eu vejo o perto, ao lado me distancio eternamente, como se eu estivesse partindo da Terra para sempre. É como se estivesse na luz do tempo, a sumir, clarão ao fim, uma corrida. Fuga, uma caminhada e deslizar em nuvens, nas águas, no espaço, uma sinfonia sem onde chegar, como se o acordar, o pressentir dos dias, fosse o presente dos tempos.


Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...