segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Carteiro e o Filósofo da Ciência


Jean-Luc Godard-Para Sempre Mozart




“Em resumo, ao ídolo do Progresso correspondeu o ídolo da maldição do Progresso; o que resulto em dois lugares comuns.”
Paul Valéry


Antes que o dia aconteça, antes dos projetos ruírem eu sigo em direção de todos os lados. Que seria de mim se só a Verdade prevalecesse? Pensando no quanto a ciência é “enfadonha” e que isso incomodou muito Heidegger. Recentemente G. Steiner relembrou nos dizendo, que por ela só dar respostas é que acabamos duvidando de outras coisas. A razão quando se aliou de forma incondicional à ciência perfilou a verdade dentro do pensamento, das palavras mas a poesia escapou, saltou com alguns aventureiros antes que todo mundo acabasse por acreditar no futuro sem retorno. O presente desmentiu sempre a Verdade. É como Eliot escreveu de o gênero humano não suportar tanta realidade. O pensamento moderno se aliou à Ciência com medo de se enfraquecer, mas aí que o pensamento se tornaria melhor, como diz Vattimo, no seu pensamento frágil que seria o caminho para driblar o recrudescimento da ciência, da palavra, das artimanhas da lógica dualista na contramão da construção reflexiva de ciência que possa existir no pensiero debole (pensar frágil, fraco). Mas não, os filósofos, aliados ao conceito duro de ciência, desembocaram na pura questão de proposições e de ser apenas um jogo de linguagem. Os malucos se enredaram, alguns até fundaram uma metafísica com a linguagem, outros preferiram se livrar do problema nomeando o pensamento não-enfadonho com pensamento poético na possibilidade de acordar antes que o tempo os acorde para a vida. Que maravilha! Pensar poeticamente pode ser um atalho filosófico e até terapêutico, como diz um amigo, “desde que não me convide para um sarau à poesia que é fruto da criação”. Não significa que temos que substituir a Ciência pela poesia, mas torná-la mais dialógica no discurso científico com o Mundo da Vida. As sentenças não são definitivas, mas as verdades que se mostram nelas é que as tornam definitivas e chatas.

Passagens

        Brassaï - Pont Neuf, Paris (1949)     “ As ruas são a morado do coletivo.” Walter Benjamin “Na praia, o homem, com os braços cru...